Interestelar, de Christopher Nolan

Sinopse divulgada: “Após ver a Terra consumindo boa parte de suas reservas naturais, um grupo de astronautas recebe a missão de verificar possíveis planetas para receberem a população mundial, possibilitando a continuação da espécie. Cooper (Matthew McConaughey) é chamado para liderar o grupo e aceita a missão sabendo que pode nunca mais ver os filhos. Ao lado de Brand (Anne Hathaway), Jenkins (Marlon Sanders) e Doyle (Wes Bentley), ele seguirá em busca de uma nova casa. Com o passar dos anos, sua filha Murph (Mackenzie Foy e Jessica Chastain) investirá numa própria jornada para também tentar salvar a população do planeta”.

Começaria escrevendo “Não sou grande fã de Nolan”, mas me corrijo antes mesmo de escrever, porque eu não tenho ainda parâmetro para assumir qualquer preferência.
Sou fã do “Amnésia”, foi um dos filmes que mais ficaram marcados na minha lembrança quando o vi, no cinema, em 2000. Não vi os Batmans (é uma tarefa que está programada nos meus to-do’s) e odiei com muita força o “A Origem”.
E (assumo), sou da nova leva de fãs incondicionais de Matthew McConaughey pós “True Detective”. =D

Apesar de não ser das maiores fãs de filmes de sci-fi, vejo sempre uma eterna luta entre “é um filme emocional”, “é um puta filme” e o “mas os fatos não são verídicos“. O que concluo dos últimos anos de roteiro desses filmes é que eles nunca são cientificamente xiitas. São filmes que misturam fantasia, com sentimentalismo humano porque afinal de contas, é o que vende. E bem, por mais que eu sempre critique o #mimimi dos filmes, todos os seres humanos são compostos por #mimimi. Imagino que mesmo os super cientistas têm seus momentos. E se não tiverem seus “momentos”, terão egos, que é quase a mesma coisa.

“Interestelar” emociona pela história, principalmente pelas personagens femininas (ao contrário de “Gravidade”, elas passam consistência) e pela “rede” que se forma em torno do tempo e espaço.

Ao final, por mais que pareça demasiadamente esotérico e nada científico, o enredo mostra que estamos sempre todos conectados entre pessoas, espaço, tempo, memórias. E ao final, é isso o que importa.

Interestelar

Ego

Ego é um filme sueco de 2013 dirigido por Lisa James Larsson e conta com Martin Wallström (Sebbe) e Mylaine Hedreul (Mia) como personagens principais.

Sebbe é um rapaz rico e seu mundo gira em torno de aparências, até que um problema de saúde tira sua visão. Por esse motivo ele conhece Mia, uma guria que certamente ele não prestaria atenção em suas “condições normais”, mas que por conta de sua visão prejudicada ele passa a conviver e admirar.

Você é um cego idiota!“, diz Mia quando ele recupera sua visão e somente quando ele se dá conta de que a vida acontece por trás das aparências.

Mia é um exemplo de mulher linda (mas não de acordo com os padrões impostos pela sociedade), doce, culta, inteligente, ambiciosa, que tem muito a oferecer ao mundo e não abrirá mão de seus sonhos.

O pôster do filme passa a ideia de uma história meio boba, mas é um filme que vale a pena, tem um final bacana  com direito às gostosas peculiaridades do cinema sueco. :)

 

Eis o pôster do filme:

ego

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

E o trailer (em sueco):

 

O conselheiro do crime – Filme

Numa lista sobre os melhores filmes de 2013, certamente “O Conselheiro do Crime” (The Counselor) não pode faltar.

Com roteiro de  Cormac McCarthy (autor das preciosidades “Onde os Fracos Não Têm Vez” e “A Estrada”), o filme conta com um elenco ilustre: Michael Fassbender, Penelope Cruz, Cameron Diaz, Brad Pitt  e Javier Bardem.

De acordo com a sinopse no Filmow: “Um advogado (Michael Fassbender) está prestes a se casar com sua noiva (Penélope Cruz), e decide juntar dinheiro participando de um dos esquemas ilegais organizados por seus clientes. O plano envolve o tráfico de centenas de quilos de droga, no valor de 20 milhões de dólares. Apesar de hesitar no início, ele aceita. Mas a execução do esquema não ocorre como planejado, e logos todos serão visados pelos chefes de um cartel mexicano. Enquanto os outros parceiros têm experiência no crime e sabem como desaparecer, o advogado não sabe como agir, e teme pela segurança de sua noiva. Sem escapatória, este homem perturbado começa a refletir sobre seus atos, tendo que aceitar as consequências brutais de seu envolvimento no crime.”

Talvez pela propaganda pouco explorada esse filme tenha passado meio que batido entre muita gente. Mas é um filme “pesado”, com uma trama muito boa e com uns diálogos tão profundos de tirar o fôlego (especialidade do autor Cormac, afinal!). Difícil de esquecer o diálogo de um dos momentos finais do filme, um telefonema avassalador. Copiei de uma legenda, mas não conferi com o áudio original, então pode ser que tenha algum errinho.

Fiquem com o brilhante telefonema:

Acho que você não entende minha posição.

Ações têm consequências, que criam novos mundos totalmente diferentes.

Quando os corpos estão no deserto, é um certo mundo.

Quando os corpos estão em qualquer lugar, é um mundo diferente.

E todos esses mundos, eles sempre estiveram lá, mas não assim.

Esse é meu conselho.

Não é meu dever falar o que você devia ou não ter feito.

O mundo está esperando você consertar os seus erros e ele é diferente do mundo aonde você cometeu esses erros.

Agora você está em um cruzamento. E você quer escolher, mas não tem alternativa. Apenas há uma aceitável. As escolhas foram feitas há muito tempo.

Não quero ofender, mas refletir geralmente acaba em uma situação onde não se pode ver as coisas da vida.

De qualquer jeito, devemos arrumar um lugar onde possamos nos adaptar com todas as tragédias de nossas vidas. Mas isso é algo muito arriscado.

Conhece o trabalho do Machado? Um grande poeta.

Machado era um professor. Ele se casou com uma linda e jovem garota. Machado a amava. E ela morreu. Então ele se tornou um grande poeta. Machado escreveu cada palavra, cada ponto e cada verso. Ficou uma hora com o que amava.

Porque ao lidar com a dor, as regras normais não se aplicam porque elas excedem o valor da penalidade.

Um homem daria nações para se livrar desta dor e ainda não poderia comprar nada com a dor. Porque a dor é inútil.

Você continua a negar a realidade do mundo em que está.

Você ama sua esposa tanto a ponto de trocar de lugar com ela?

E não digo quando está morrendo, porque assim é fácil.

O que você tem que entender é que a vida não irá voltar atrás.
Você é o mundo, você o criou.

E quando você não existir mais, esse mundo também não irá exisitr mais.

Mas para aqueles que entendem que estão vivendo os últimos dias da sua vida a morte, um curso, um sentido diferente.

A existência da antiga realidade é um conceito que nenhuma resignação pode ser aceita.

E depois todos os belos planos finalmente serão expostos e

revelados.

The Counsellor

It`s Kind of a Funny Story – O filme

Nessa minha fase conseguir se concentrar apenas em filmes leves, tenho descoberto alguns títulos bem legais, como esse que intitula esse post. Passaria completamente batido por mim, se não fosse pela insistência do modo de indicação do Netflix. Obrigada! o/

Parte dessa “recusa ” se dá pelo péssimo título que o filme ganhou em português: De “It’s Kind of a Funny Story” para “Se enlouquecer, não se apaixone”. Você já imagina um desses filmes bobos, cheios de piadas sem graça, com protagonistas tontos. Mas com um pouco de pesquisa, você percebe que se trata de um filme de tamanha sensibilidade que é difícil não se sentir tocado.

É um filme que basicamente retrata as pressões da adolescência, que podem levar à depressão. E por mais que você diga que o adolescente ainda passará por muita coisa “pior” na vida, quem não passa por pressões frequentemente na vida, não?

A simplicidade de Craig (Keir Gilchrist), um menino de 16 anos que entra numa clínica psiquiátrica e diz: “Oi, preciso que vocês me dêem algum remédio, porque estou pensando em me suicidar e se eu sair daqui sem nada, talvez eu me suicide”, mas quer no outro dia continuar sua vida cotidiana como se isso se curasse com um comprimido é “engraçadinha” e diz muito sobre como nossa atual sociedade encara o assunto.

Craig se “interna” na clínica psiquiátrica, mas como não há vagas na seção de adolescentes, ele convive com os adultos em tratamento. E partir dai a história se desenvolve. Cada ser tem um mundo, um problema, uma dificuldade de se relacionar com a sociedade. E quem não tem?

Uma das partes mais bonitas é quando ele sensibiliza um dos pacientes, um árabe, por ninguém ter entendido sua cultura até então. Às vezes as coisas são muito simples, só basta tentar compreender o próximo. E ainda é uma das maiores dificuldades das pessoas.

Vi recentemente que o filme foi baseado num livro, do Ned Vizzini. Devo ler em breve, talvez seja tão bacana quanto o “O lado bom da vida”, que novamente perdeu o brilho do título original que é “Silver Linings Playbook”.

Algo que vale muito na adaptação do livro ao filme é a trilha sonora. Cada música fofa e bem escolhida que se encontra ali, é impossível não tirar um sorriso!

Copiando a Wikipedia, segue a trilha sonora:
Not at My Best – Broken Social Scene
Smash It Up – The Damned
Happy Today – The Wowz
Icarus – White Hinterland
Where You Go – Elden Calder
The Ills – Mayer Hawthorne
Da Rockwilder – Method Man and Redman
Tourist in Your Town – Pink Mountaintops
Where Is My Mind – Maxence Cyrin
Blood – The Middle East
Check Me Out – Little Denise
Habina – Rachid Taha
Major Label Debut (Fast) – Broken Social Scene
Sweet Number One – Broken Social Scene
Intro – The XX

Mas claro, tenho que citar que um dos melhores momentos do filme e um dos melhores momentos dos filmes dos últimos tempos é essa adaptação para “Under Pressure” que você pode ver aqui. Uma das melhores coisas que vi ultimamente e que se encaixa de forma perfeita com todo o roteiro e essência do filme. Gaste uns minutos para ver:

Sobre “Deus da Carnificina”

“Deus da carnificina”, último filme do conceituado diretor Roman Polanski, estreiou em nossas telas de cinema recentemente. Adaptando uma peça teatral da francesa Yasmina Reza, esse tem sido um filme polêmico nos últimos dias: A divisão das opiniões é um tema frequente nos sites de crítica de cinema.

Sem entrar no mérito crítico do filme, aqui vamos falar exclusivamente de seu argumento. Um excelente argumento, diga-se de passagem!

Na cidade de Nova Iorque, dois casais se encontram para falar sobre um fato ocorrido entre seus respectivos filhos. O primeiro casal é formado por Nancy e Alan (Kate Winslet e Cristoph Waltz), que vai ao apartamento do casal Penelope e Michael (Jodie Foster e John C. Reilly). É nesse contexto que se passa o filme: um apartamento como cenário de discussão de uma briga corriqueira entre crianças.

A princípio, os pais tentam resolver o assunto dentro das normas sociais e morais cabíveis, mas logo nos primeiros minutos do filme, a conversa começa a tomar outros níveis. Como algo bem comum da nossa sociedade, os pais começam a “sentir as dores” dos filhos, dentro de um “conflito” completamente normal no comportamento das crianças. Ai é que começa o filme! Os argumentos apresentados pelos pais, ora cabíveis, ora completamente dotados da típica “picuinha humana”, torna as quase duas horas de filme baseadas nesse argumento.

 

Em alguns momentos, os casais quase se acertam, mas sempre alguém resolve comentar “algo” no final da conversa que faz conflito ressurgir, cada vez numa proporção maior. E naquela sala de apartamento, os casais vão se degladiando numa luta psicológica infinita, as máscaras caem e aparece o que de fato somos: seres mesquinhos e egoístas.

O filme é um perfeito retrato do que somos nós! Somos mesquinhos, egoístas e nos recusamos a ver os fatos como são.
Poderíamos passar horas debatendo o filme no contexto psicológico, moral, emocional, filosófico ou em qualquer outra área de estudo do comportamento humano. Aconselho a todos que assistam esse filme! Mas assistam com a mente aberta, é uma diversão garantida e não há como você não se identificar com todos os personagens. Afinal de contas, como dizem por ai: “Quem nunca???”

Obs.: Postado anteriormente em Trem dos 7

Vamos falar de sexo?

Você está preparado para o sexo?

Embora você queira responder instintivamente e acha que tem a resposta na ponta da língua, talvez você devesse pensar a respeito!

A postagem de hoje surgiu por esse tema constante nas conversas dos últimos dias: na semana passada recebi algumas mensagens anônimas no celular, digamos, “pseudo-eróticas” e como eu sou esse ser humano super fofo, decidi compartilhar com a galera à minha volta e fazer a alegria da garotada!

Os comentários foram os mais variados possíveis: pediram para eu fazer boletim de ocorrência, queriam bater na pessoa, xingaram muito e até sugeriram para eu responder e quem sabe, arrumar um namorado. Moral da história: o sexo é um tabu para a grande maioria das pessoas. Não sei se por dogma religioso ou moral, se falta informação ou interesse no assunto. Todo mundo quer fazer, todo mundo quer ser o garanhão, mas a verdade é que as pessoas não entendem o que de fato é! Claro que cada um tem suas visões sobre o tema, mas algumas visões são universais e a mais verdadeira é: Sexo não se faz sozinho! Logo, tudo o que é feito a dois exige respeito, exige parcimônia, exige comunicação. E é ai que a coisa começa a degringolar.

Eu sempre tive uma mente aberta e sou muito tranquila com minha sexualidade. Vamos deixar a moral e a hipocrisia de lado: Pra mim sexo é importante pra caralho! É um mundo diferente que podemos desbravá-lo. Ou não! É a decisão de cada um! A partir do momento em que você tenta, você entra numa outra dimensão, onde absolutamente tudo pode acontecer e o caminho surge de formas bem diferentes das quais você lida na sua vida. É um mundo de descobertas ali a um toque de distância. É desejo, é amor, é paixão, são sentidos em ebulição e fusão, é muito com o que você deve lidar. É carinho, é compreensão e acima de tudo, é respeito! Sexo é coisa séria! Não se trata do mesmo tipo de seriedade que você lida na sua rotina. E por ser assim, querem te colocar uma moral pesada nas costas ou te subjulgam. Já recebi convites para encontros de 2, 3, 15 pessoas, já fui convidada diversas vezes para casa de swing, já me fizeram as propostas mais absurdas que se possa imaginar. Calma lá, não é porque eu gosto de sexo e falo abertamente do meu interesse, que vou sair com o primeiro idiota que aparecer!

Esse senso comum só me deixa mais triste acerca desse assunto: cada vez mais, as pessoas entendem menos de sexo!

Tem um filme que ao meu ver, retrata muito bem essa situação: “Kinsey – vamos falar sobre sexo”, de 2005, com o Liam Neeson no papel principal (ai, ai <3).

Vamos à sinopse: “Albert Kinsey abalou a conservadora sociedade americana ao lançar seu novo livro, “Sexual Behavior in the Human Male”. O livro trazia uma ampla pesquisa, na qual Kinsey levantou dados sobre o comportamento sexual de milhares de pessoas. O assunto, até então pouquíssimo abordado, passa a ser tema de debates e provoca polêmica na sociedade”.

Olha só! Bingo! O livro foi lançado na década de 50 e ainda soa tão atual para a nossa sociedade! Há algo de muito errado ai!! O filme retrata muito do que eu gostaria de dizer, então sugiro que se ainda não viu, veja! É um filme bacana, divertido e que deve ser debatido! E depois de ver, responda a minha pergunta: Você está preparado para o sexo?

Obs.: Postado anteriormente em Trem dos 7.

 

Sobre o “Mais estranho que a ficção”

Mais estranho que a ficção” (Stranger than fiction) é um filme de 2006 que desde então figurava na minha listinha de “to be seen” e que agora me pergunto veemente por que diabos não o vi antes!

Com um roteiro beirando o lugar-comum, o filme questiona diversos aspectos da vida como a rotina e como os fatores externos a nós podem dar um rumo diferente ao que chamamos de vida.
Numa sinopse rápida, um auditor fiscal começa a ouvir uma voz que narra todos os seus passos, até que descobre que uma escritora narra sua vida real em seu último livro, o qual ela não consegue chegar num final. Em busca de um “final feliz”, ele redescobre cada detalhe, cada nuance, cada fagulha da vida que dá paixão pelo ato de existir.
Apesar desse contexto “made in auto ajuda”, o resultado é genial, e não poderia ser menos do que isso, já que foi dirigido por Marc Foster, que tanto me tirou suspiros por “Em busca da Terra do Nunca” e principalmente por “A passagem” (Stay), que é uma das meninas dos meus olhos de filmes (e infelizmente pouca gente sabe que existe!).

Mais do que aproveitar sua vida, viver cada momento e essas coisas a que devemos relacionar prazer, o filme também mostra o quão importante é nossa responsabilidade sobre tudo o que nos relaciona. Cada gesto, cada passo, cada decisão (e mesmo a escolha de não fazer nada) é uma responsabilidade nossa, que de alguma forma afetará o universo (nosso ou não, paralelo ou não). Algo tão simples, tão real e tão notório, infelizmente parece não ter sido notado pela grande maioria das pessoas que vemos por ai. Porque assim como o protagonista do filme, todos nós, em algum momento, desejamos fazer da nossa existência “algo” (sem pesos de qualquer adjetivo). Sejamos responsáveis por esse “algo”.

 

Santo é santo. Orixá é orixá.

Finalmente consegui o documentário “Devoção”, que passou rapidamente pelo circuito de cinema de São Paulo em 2008. Com direção de Sérgio Sanz, ele nos aponta uma questão bastante polêmica no nosso Brasil grandão de deus (e orixás), o sincretismo religioso. Com depoimentos de pesquisadores, autoridades do candomblé e devotos do catolicismo, vemos os pontos principais de cada uma das religiões apontadas, ainda que muitas questões só se expliquem pela fé individual.

É no mínimo respeitável a forma com que os africanos tiveram que “mascarar” sua fé para sobreviver como escravos quando um cristianismo passava (e ainda passa, infelizmente) por cima de tudo e de todos. E a fé sobreviveu a isso. A fé continua firme e forte e mantém suas raízes lindas, para quem quiser ver (e sentir). A sobrevivência do candomblé no Brasil é algo digno de louvor, ainda que hoje as mentes frias e ignorantes insistam em dispensar tamanho preconceito.

Devoção” e “Mensageiro entre dois mundos” (do lindo Pierre Verger) são duas das minhas grandes referências para quem me pergunta sobre a cultura do candomblé. Filmes coerentes, com pés no chão e com uma emoção linda de se ver.

Sobre 127 horas

Fui uma pessoa que nunca ligou para esportes. Arrumava atestado nas pseudo-aulas de educação física, passava longe de qualquer coisa relacionada a isso.
E era muito feliz, obrigada! Aproveitei muito bem a minha vida de outras formas.
Não por estratégia, só comecei a pensar em esportes depois dos trinta. Primeiro, me apaixonei por uma dança estranha, que ninguém conhecia e não se achava em qualquer lugar. Depois me apaixonei por dança indiana e para aguentar as pontas nas aulas, resolvi começar algo que me desse uma “base”.
Pesquisei, pesquisei e cai no kung fu, por quem me apaixonei perdidamente logo de cara. Fui um exemplo atípico, fora das estatísticas.
E desde que comecei a me dedicar aos estudos do corpo (dança + kung fu), comecei a prestar atenção em outros esportes também. Sim, porque a dedicação exige MUITA pesquisa. E hoje tenho alguns esportes que sempre observo, coisa que realmente nunca imaginei que faria.

Esse foi um dos motivos que me chamaram a atenção para assistir o ‘127 horas‘, novo filme dirigido pelo Danny Boyle (de quem já vi “Quem quer ser um milionário?”, “Cova Rasa” e o “Trainspotting”, que ninguém quase ouve mais falar). Baseado no livro de Aron Ralston, o alpinista que ficou preso num canyon com uma rocha em cima do braço e após 5 dias, cortou o próprio braço para se salvar.
O filme é simples e objetivo. Sem firulas, sem forçar a barra, sem muitas divagações. Como se imagina que tenha sido o acontecido. Ele, a rocha, os dias, a falta de sanidade, a estratégia para sair do lugar. Não dá pra fantasiar muito. Não há muitas glórias depois disso.
E assim me agradou bastante! Você quase consegue se colocar no lugar do carinha.
A trilha sonora ficou por conta de A.R. Rahman (músico indiano também responsável pelo penúltimo filme de Boyle), muito bem elaborada por ele, com músicas muito bem escolhidas de outros artistas. E claro, tenho que enfatizar a brilhante escolha de Sigur Ros, com a maravilhosa “Festival“.
Vale muito a pena e pretendo ler o livro em breve!

Sobre “O cisne negro”

Darren Aronofsky é mestre em enfiar o dedo na sua ferida e dar as costas depois, te deixando agonizando em dor!!!
O cisne negro“, definitivamente, não é um filme para você assistir antes de dormir. Dói!
Não bastam comentários do tipo “o filme mostra o cotidiano das cias de dança com toda a competição, superação” e blá, blá, blá. Qualquer coisa parecida é superficial e não traduz a essência do filme.
Dói, você consegue se ver exatamente no lugar de Nina (a pra lá de maravilhosa Natalie Portman), com toda sua sede por superação própria, fobias, medos, chateações com seu mau desempenho e frustrações com o mundo porco que nos cerca (onde predomina a ganância, os interesses, a falta de integridade) e acima de tudo, a luta contra você mesmo.
Não adianta ser hipócrita e abafar isso… há situações em que a luta com você mesmo é constante. E, frase dita em vários momentos do filme, às vezes nosso maior inimigo somos nós mesmos.

Metáforas à parte, as coreografias são lindas (organizadas pelo atual marido da guria, o bailarino Benjamin Millepied) e a cena em que ela supera seus desafios beirando à perfeição (tão buscada por ela) e se torna o próprio cisne negro é maravilhosa! Os passos de Nina são perfeitos.

Depois do escorregão com “O lutador” (eu detestei!), Aronofsky volta com todas as boas críticas possíveis, o filme tem feito um bom barulho por ai. E é merecido.